Time Capsules é uma exposição/performance sensorial que parte do conceito de cápsulas do tempo para refletir sobre a memória dos rios e oceanos, bem como, sobre a necessidade urgente de preservar as espécies aquáticas. No centro da ação estão esculturas de gelo cristalino que incluem peixes e plantas — corpos preservados entre passado e futuro — que guardam histórias de ecossistemas em transformação.

À medida que o gelo derrete, revela o que está em risco de desaparecer, tornando visível o fluxo do tempo e a fragilidade dos ciclos naturais. Cada bloco de gelo funciona como um arquivo temporário de espécies vocais provenientes da coleção preservada do Aquário Vasco da Gama. A composição sonora inclui frequências subaquáticas, gravações de campo e camadas sonoras processadas que criam uma paisagem imersiva convidando à contemplação e ao questionamento. A performance propõe uma escuta profunda da vida submersa — muitas vezes ignorada — e reflete sobre a interferência humana, a poluição sonora e a desconexão crescente com os mundos aquáticos.

Time Capsules constrói um storytelling aquático que conecta ciência, memória e imaginação para contar histórias de espécies, ambientes e ausências. Neste processo, a narrativa foi desenvolvida em colaboração com a IA numa tentativa de compreender e projetar possíveis futuros para estas espécies e refletir sobre o papel da tecnologia na preservação ou esquecimento da vida marinha.

É um convite a parar, escutar e recordar. Através do gelo, do som e da espera, propõe uma reflexão sobre o tempo, a preservação e o modo como nos conectamos (ou não) com o mundo subaquático.

Este projeto foi desenvolvido no âmbito da Residência Arte & Ciência A Call to the Sea, que decorreu no Aquário Vasco da Gama em 2024, no âmbito do projeto europeu Bauhaus of the Seas Sails, tendo o Município de Oeiras, o CAM – Centro de Arte Moderna Gulbenkian e ITI/IST como parceiros. Um projeto com financiamento pelo programa Horizonte Europa da União Europeia.